Arquivos de Tag: sociedade do cansaço

Em outra hora ​

Em outra hora

Em outra hora ​

Em outra hora eu danço, planto, desenho, fotografo, abraço, procuro, planejo… em outra hora eu cuido da vida.
Se de alguma forma queremos criar, receber ou desfrutar de uma vida mais plena é preciso fazer algum sacrifício. “Vida e sacrifício” andam juntos, disse Clarissa P. Estés.
Mas eu particularmente acho que a palavra sacrifício ficou muito carregada de culpa e sofrimento com a nossa cultura predominantemente católica – apesar de que, sua etimologia é nada mais nada menos do que “tornar algo sagrado”.
Então, tudo bem dizer que vida é sagrada? E que para torná-la sagrada é preciso também dizer que vida e prioridade andam juntas?
Não sei pra você, mas para mim faz mais sentido assim.
Dito isso, olha a frase aí de cima e pensa em quantas vezes você caiu nessa armadilha e sacrificou (ops, priorizou) outras coisas que não fossem àquilo que estava com vontade de fazer. Algo que sua alma, seu coração pediam, mas sua mente (que acha que manda) falou que não.
“Você vai fazer o que eu estou falando porquê faz mais sentido” – diz a voz da “razão”.
E que razão tem essa razão?
Nenhuma! Porque quando a gente só dá ouvidos à ela (a mente) entramos na rodinha dos ratos – um looping de sacrificios (aí sim eu uso essa palavra de boca cheia), porque nenhuma vida brota disso tudo.
Então, da próxima vez que seu coração mandar você parar tudo e dançar, pintar, desenhar, fotografar, abraçar, ligar, escrever, procurar ou dar piruetas na porta da escola das crianças – faça.
Não vou dizer que você será aplaudida na primeira vez. Talvez nem na segunda ou terceira. Quem dirá se na quarta? Mas isso não quer dizer que não exista talento, habilidade e muito menos que não seja “apropriado para uma mulher do seu tamanho”.
Acredito que o importante seja se permitir ter essas alegrias – é daí que você começa a ouvir a voz da sua alma.
É aí que você está se reaproximando da sua vida feita à mão – daquilo que é mais autêntico e verdadeiro, porque é só seu.
Já parou pra pensar que só tem você de você no mundo? Mais ninguém. Quer coisa que preencha mais a vida do que saber disso?
*** Imagem = Pinterest

Ansiedade e Depressão: O Mal do Século

o-mal-do-seculo

Ansiedade e Depressão: O Mal do Século

Eu já tinha postado no meu Instagram a foto do livro “A sociedade do Cansaço”, mas além de ter ficado incomodada porque não tinha gostado da foto anterior (esse negócio de conviver com muito virginiano dá nisso), deixei de mostrar os outros 2 livros da trilogia:“A sociedade da Transparência” e “Agonia de Eros”, escrito pelo coreano Byung-Chul Han📚 (deu até nó no cérebro de escrever).

A trilogia começa falando do cansaço, dizendo que o mal do século XXI é neuronal, não mais bacteriológico ou viral.
Temos a cura para a maior parte das doenças físicas, mas porquê sofremos como nunca de doenças como depressão e transtornos mentais?

Você sabia que o Brasil é o primeiro país em transtorno de ansiedade do mundo e o quinto em depressão?

Esse livro explica um pouco sobre o assunto, e na visão de alguns pensadores, o fato de termos trocado a forma de enxergar e nos comportar como sociedade é o “x” da questão.
Trocamos a sociedade do trabalho e da coerção (onde tínhamos mais obrigações, devíamos mais satisfações e tínhamos mais regras) pela sociedade do desempenho (onde basicamente quase tudo depende de nossa capacidade de produção).
Com isso, nós estamos nos tornando não só patrões, mas também escravos de nós mesmos.

E isso pode ser doentio. 

Volto a dizer que levanto a bandeira de usarmos essa tal liberdade justamente para trazer mais equilíbrio – parando de querer mostrar resultados ou buscar a recompensa lá fora e entendendo que a gente já carrega tudo aquilo que nutre de verdade nossa alma. E isso, passa pelo exercício da energia feminina em nosso modo de ser, pensar e agir.

Os outros livros da trilogia:

O segundo livro (o laranja) fala que quanto mais enchermos a nossa vida de informação, mais vazio sentiremos por dentro. A informação não necessariamente gera “verdade” – a nossa verdade.

E o terceiro livro (azul) fala muito de como a gente vai trocar, aprender e amar o outro por quem ele é, se estamos nos tornando todos iguais?

Confesso que ler esses livros me deu uma deprimida no começo, mas acredito que pensar sobre o pior cenário pode ajudar também a trazer alternativas para o caminho do meio – o equilíbrio.
Se você já tiver lido algum desses livros, me conta o que achou?

***********************************

Quer comprar a trilogia?

É só clicar aqui!

 

Super Maravilha

Super Maravilha

Quem imaginaria que a Mulher Maravilha ia pedir penico?

Ao longo da nossa história, as mulheres quiseram sair do imaginário dos homens (que queriam ter ao seu lado uma “super mulher”) e do das mulheres (que queriam que todos vissem que sua capacidade não se resumiria a um tanque de roupa pra lavar).

Em um certo momento elas precisaram (e ainda precisam) vestir sua capa e lutar para conquistar seu espaço. E nós fizemos (e estamos fazendo) isso.

Quantas Maravilhas abriram caminho para que nós agora tivéssemos o poder de escolher – quem ser, com quem se relacionar e o que fazer com nossos poderes?

Até aqui ok. Mas veja se você não concorda comigo na armadilha que muitas de nós acaba caindo (eu, inclusive).

Aquela Maravilha que queria ser admirada por sua competência, inteligência, força, sensibilidade, beleza (isso sempre!) e capacidade de realização, acabou chegando no seu limite. Quem sabe ela achou que não haveria limite?

E como diria Renato Russo, na verdade não há.

O que há então? Na minha opinião, o que existe de mais importante são as prioridades.

Ao pensar que poderia ser, fazer e viver tudo, ao mesmo tempo, foi que ela acabou no Rivotril…

Muitas Maravilhas (e SuperMans também), acreditam que felicidade é conquistar o maior desempenho e produtividade possível. Como fazem as máquinas.

O que esquecemos é que máquinas não têm alma, e mesmo que a gente atinja a tão sonhada “alta performance”, depois vem o vazio. O vazio de não saber mais o que ficou de humano ali dentro.
É não dar conta de ser quem é. De fazer escolhas que realmente nos fortaleçam, sem medir os resultados e os aplausos.

Por isso eu acho que hoje os Super Heróis estão doentes, e o remédio começa por trazer um pouco mais de humanidade para o heroísmo, e assim quem sabe, chegamos à um equilíbrio – onde mulheres podem ser mais “Super” e homens também terem espaço para encontrar seu lado “Maravilha”.

Cadê a Lois Lane que estava aqui? A minha, eu estou (re)descobrindo agora.

 

*** Imagem: Pinterest