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Esse Love…

Esse Love

Nesses meses todos que estive em tratamento, nos piores momentos eu não conseguia fazer nada – nem o que eu gostava. Não dava para ler, escrever… eu não era capaz nem de assistir a um filme – minha cabeça não processava nenhuma informação.

Depois, quando comecei a terapia cognitiva comportamental (geralmente indicada para o tratamento de síndrome do pânico) eu tinha que ter um caderno – para anotar todas as crises – quando começavam, quanto tempo duravam, o quê as provocava, etc.
E eu fazia aquilo no automático – só seguindo uma lista/ questionário. Como estava me acostumando aos remédios que me deixavam muito dopada, eu também escrevia as coisas para me lembrar – porque eu esquecia tudo.
O caderno era meu guia, minha cabeça, minha memória.

Mais um tempinho passou, e aquele caderno que antes era frio, começou a ganhar afeto – ainda que com palavras cheias de dor, medo, angústia e vazio. Um vazio que podia preencher o mundo.

Com mais um pouco de tempo, e paciência, ele começou a arrancar de mim meu inconsciente – era para ele que eu confessava primeiro os meus sonhos – sonhos que podiam virar histórias – e é ele que vai hoje a terapia comigo (agora junguiana), para me lembrar do que ainda esqueço.

Hoje ele acabou. Mas assim como (quase) tudo na vida, eu já tenho outro para substituí-lo.
Outro que já vai me receber um pouco diferente – menos lado negro da força. Já comecei a dar meus pulinhos em palavras mais alegres, mais leves, mas nunca mais as mesmas de antes.

Assim como tudo e todos que passam por nossa vida e nos deixam alguma marca (não importa se boa ou ruim), esse “love” nunca será esquecido.

⁉️Me conta: você tem o hábito de escrever ou fazer um diário?
Em breve vou escrever sobre um assunto bem legal, que me impactou muito, e tem um pouco a ver com hábitos que nos aproximam de nós mesmos.
Por isso, se você tiver algum hábito desse tipo, ou que vc tenha desde a infância, comenta aqui! E se puder, compartilha com alguém que vai gostar de participar dessa conversa :)

Dancing with Myself

Dancing with Myself

Você não sabe o quanto amo dançar…

Minha mãe diz que aprendi a cantar e dançar antes mesmo de falar.
Dancei a maior parte da minha infância/ adolescência – ballet, sapateado e jazz (o meu preferido). Quando não estava fazendo aula, estava dançando e ouvindo música no quarto.

Pra você ter uma ideia, eu odiava fazer festa de aniversário, mas eu só fazia porque na minha cabeça era o único jeito de eu armar um circo, onde eu teria decoração, fantasia e poderia imaginar que era Cinderela, Moranguinho ou o que mais quisesse em cada ano – e claro, a música (muito mais do que as brincadeiras) eram o “must have” da festinha.

Para as minhas amigas, eu era a diferente – porque brincadeira pra mim era vitrola e um disco da Rita Lee – quando a empolgação era maior eu caia para uma Elba Ramalho ou me acabava em “Festa do Interior”.

Depois que sofri um trauma na adolescência (um dia quem sabe falo sobre isso aqui), eu fui deixando a dança de lado.
E depois, a música.

Por algum motivo eu achava incompatível viver o “mundo real” se a música estivesse presente. Isso porque ela me leva à um mundo muito mais legal – o meu mundo, o meu interior.

Pra você sentir o nível da piração, se eu estivesse trabalhando e colocasse uma música, já era. Não tinha mais trabalho, horário ou obrigação.
Guardava a capa e que se dane quem precisasse de resgate.

O que eu fiz? Guardei a música lá no fundo da alma, achando que era o preço de ser adulta, de ser bem sucedida e exercer o papel de Maravilha que escolhi.

Não à toa, enquanto escrevo esse texto, ainda me curando de uma depressão (em que passei a ter medo da música), eu não consigo deixar de rebolar -nem que seja em pensamento, especialmente quando vejo alguém dançando.

Então, pra você que me lê eu queria te fazer um pedido: dança por mim? Eu ainda estou curando o meu feminino, mas uma hora estarei dançando junto com você.

Quer coisa melhor que mexer o esqueleto e balançar os quadris?

Que hoje ou quando te der na telha você faça esse exercício – não para deixar o corpo sarado, mas para se conectar com aquele mundo que é só seu, muito mais Maravilha do que o daqui de fora :)

 

*** Imagem: Unsplash